Autor e fotos:
Ingo Seidel / Contribuição Karin & Gerd Arndt
Tradução de Alexandre Avari
Artigo originalmente publicado na revista Tropical Fish Hobbist, edição n.º 479 de Janeiro de 1996.
Titulo Original: New Infirmation on the Zebra Pleco, Hypancistrus zebra
Tradução de Alexandre Avari
Artigo originalmente publicado na revista Tropical Fish Hobbist, edição n.º 479 de Janeiro de 1996.
Titulo Original: New Infirmation on the Zebra Pleco, Hypancistrus zebra
Em 1989 o mundo dos fanáticos por cascudos entrou em polvorosa! Eram publicadas as primeiras fotos de uma espécie de cascudo ainda não descrita, mais uma das raridades do rio Xingu, com o corpo listrado de preto e branco. Foi chamada imediatamente de zebra pleco, ou Acarí zebra.
O coração desse seleto grupo de aquaristas bateu forte, mas a primeira importação destes peixes foi um banho de água fria para todos, pois seu preço era estratosférico. Mas os preços caíram com o passar do tempo e hoje até mesmo meros mortais podem adquirir esta bela espécie, enfim descrita em 1991 como Hypancistrus zebra Isbrücker & Nijissen.
Logo muitos rumores de sucesso em reproduzi-los apareceram por aqui e por ali, que não passaram de rumores, até a publicação de dois relatos na renomada revista alemã DATZ (Die Aquarien- und Terrarienzeitschrift www.datz.de) em Outubro de 1993.
A partir daí muitos aficionados conseguiram sucesso na reprodução, dentro outros, meus bons amigos Karin e Gerd Arndt, dos quais passarei suas detalhadas experiências, além das informações do Sr. Rickoff, passadas em reunião na Sociedade Alemã de Aquarismo de seu sucesso na reprodução em aquários densamente plantados (tipo Holandês). Justamente durante a compilação das informações que formariam este artigo, meus próprios Acarís zebra reproduziram, por isso adiei um pouco a publicação prevista, assim pude incluir também as minhas próprias experiências.
SISTEMÁTICA
O Hypancistrus zebra difere tanto dos demais cascudos conhecidos que receberam um gênero novo para acolhe-los. Quando Stawikowski introduziu na revista DOTZ a foto do cascudo L98, com listras semelhantes, mas irregulares, pensou-se em uma nova espécie do gênero. Ainda não há certeza absoluta, mas parece não ser o caso. Seria apenas uma população com variação na padronagem. Outra variação é o L173, o único espécime encontrado deve tratar-se duma variação individual bastante interessante.
DIMORFISMO SEXUAL
A diferenciação de sexos entre os cascudos zebra é sutil. O padrão da coloração é o mesmo. O raio duro das nadadeiras peitorais do macho são mais espinhosos que os das fêmeas, e na época de reprodução, o macho desenvolve mais esses espinhos.
Adicionalmente, os espinhos intra-operculares (das bochechas) dos machos são mais longos que os das fêmeas. Olhando-os bem, ainda pode-se perceber diferenças no formato do corpo. Vistos de cima, os machos são significativamente mais robustos que as fêmeas na cabeça e na região das nadadeiras peitorais. A barriga e a cauda mais largas não podem ser levadas em conta, pois muitos machos são tão troncudos quanto às fêmeas. Eles devem acumular muita gordura para suportar o tempo que passam cuidando das crias, em que não se alimentam.
O coração desse seleto grupo de aquaristas bateu forte, mas a primeira importação destes peixes foi um banho de água fria para todos, pois seu preço era estratosférico. Mas os preços caíram com o passar do tempo e hoje até mesmo meros mortais podem adquirir esta bela espécie, enfim descrita em 1991 como Hypancistrus zebra Isbrücker & Nijissen.
Logo muitos rumores de sucesso em reproduzi-los apareceram por aqui e por ali, que não passaram de rumores, até a publicação de dois relatos na renomada revista alemã DATZ (Die Aquarien- und Terrarienzeitschrift www.datz.de) em Outubro de 1993.
A partir daí muitos aficionados conseguiram sucesso na reprodução, dentro outros, meus bons amigos Karin e Gerd Arndt, dos quais passarei suas detalhadas experiências, além das informações do Sr. Rickoff, passadas em reunião na Sociedade Alemã de Aquarismo de seu sucesso na reprodução em aquários densamente plantados (tipo Holandês). Justamente durante a compilação das informações que formariam este artigo, meus próprios Acarís zebra reproduziram, por isso adiei um pouco a publicação prevista, assim pude incluir também as minhas próprias experiências.
SISTEMÁTICA
O Hypancistrus zebra difere tanto dos demais cascudos conhecidos que receberam um gênero novo para acolhe-los. Quando Stawikowski introduziu na revista DOTZ a foto do cascudo L98, com listras semelhantes, mas irregulares, pensou-se em uma nova espécie do gênero. Ainda não há certeza absoluta, mas parece não ser o caso. Seria apenas uma população com variação na padronagem. Outra variação é o L173, o único espécime encontrado deve tratar-se duma variação individual bastante interessante.
DIMORFISMO SEXUAL
A diferenciação de sexos entre os cascudos zebra é sutil. O padrão da coloração é o mesmo. O raio duro das nadadeiras peitorais do macho são mais espinhosos que os das fêmeas, e na época de reprodução, o macho desenvolve mais esses espinhos.
Adicionalmente, os espinhos intra-operculares (das bochechas) dos machos são mais longos que os das fêmeas. Olhando-os bem, ainda pode-se perceber diferenças no formato do corpo. Vistos de cima, os machos são significativamente mais robustos que as fêmeas na cabeça e na região das nadadeiras peitorais. A barriga e a cauda mais largas não podem ser levadas em conta, pois muitos machos são tão troncudos quanto às fêmeas. Eles devem acumular muita gordura para suportar o tempo que passam cuidando das crias, em que não se alimentam.
Se for preciso, separe seus peixes em um pequeno aquário para tentar diferencia-los, olhando mais detalhadamente e sem interferências externas.
HABITAT NATURAL
Os acaris zebra são endêmicos do Rio Xingu. Sua descrição original os coloca em Altamira no Estado do Pará, mas os nativos afirmam que também podem ser encontrados na porção mato-grossense do rio. O rio Xingu possui muitas rochas de origem vulcânica extremamente intrincadas, lar perfeito para muitas das mais exóticas espécies de cascudos.
Quando coletados para coletas de dados para sua descrição científica por Schliewen e Stawikowski, em 25 de Setembro de 1988, a temperatura ambiente era de 34,5ºC, a água estava a 32,2ºC, até 35ºC fora registrado neste dia. O PH estava em 6,5 em média, a condutividade da água 120uS/cm e o DH cerca de 1º. A quantidade de ferro era menos de 0,05mg/litro.
COMPRANDO
Alguns anos atras, encontrar estes belos peixes à venda era um problema. Quando os primeiros chegaram para o mercado internacional, estavam em péssimas condições de saúde, com barrigas côncavas e olhos fundos, sinais claros de avançada desnutrição. Muitos aquaristas sofreram perdas, inclusive nós mesmos. Felizmente isso mudou e muitos dos acaris zebra encontrados à venda estão em boas condições.
Durante a época de coleta desses peixes, do verão ao início do inverno (estação seca), são pegos nas margens, a espécie é importada em grande quantidade. No restante do ano, ainda há exportação, mas em quantidade muito menor, pois os piabeiros, responsáveis pela coleta dos peixes, devem mergulhar muitos metros com equipamento para mergulho e tentar capturá-los em suas tocas.
Se você tiver a sorte de comprar um exemplar já nascido em cativeiro, sua adaptação ao aquário será muito mais fácil.
CUIDADOS
Por ser uma espécie pequena (cerca de 10cm), são muito adequados para aquários. Como muitos outros cascudos brasileiros, são bastante adaptáveis e toleram algumas diferenças mínimas nas condições da água de seu tanque. Até em PH pouco acima de 7 e alguma dureza são toleráveis. No dia a dia, temperaturas de 22ºC a 28ºC são adequadas. Mas a qualidade da água é crítica, Estes peixes exigem água muito limpa e com excelente oxigenação. Aeração suplementar é muito recomendável, como, aliás, toda espécie natural do singular Rio Xingu.
Apesar de já ter sido reportado o contrário, em nossa experiência, muitos Acaris zebra foram mantidos juntos em um tanque sem problemas. Entre machos ocorrem algumas faíscas, mas nada que os machuque.
O principal cuidado é com seus companheiros de tanque que podem oprimi-los demais. O aquário para eles não precisa ser alto, mas quanto maior for a área do aquário, a circulação e a quantidade de tocas, melhor.
Lembre-se que em seu habitat natural, acaris zebra vivem em meio a rochas cheias de cavidades e fendas. Para reproduzir tais condições em nossos tanques, é recomendável que se construa algumas cavernas com grandes lascas de ardósia ou outras pedras.
HABITAT NATURAL
Os acaris zebra são endêmicos do Rio Xingu. Sua descrição original os coloca em Altamira no Estado do Pará, mas os nativos afirmam que também podem ser encontrados na porção mato-grossense do rio. O rio Xingu possui muitas rochas de origem vulcânica extremamente intrincadas, lar perfeito para muitas das mais exóticas espécies de cascudos.
Quando coletados para coletas de dados para sua descrição científica por Schliewen e Stawikowski, em 25 de Setembro de 1988, a temperatura ambiente era de 34,5ºC, a água estava a 32,2ºC, até 35ºC fora registrado neste dia. O PH estava em 6,5 em média, a condutividade da água 120uS/cm e o DH cerca de 1º. A quantidade de ferro era menos de 0,05mg/litro.
COMPRANDO
Alguns anos atras, encontrar estes belos peixes à venda era um problema. Quando os primeiros chegaram para o mercado internacional, estavam em péssimas condições de saúde, com barrigas côncavas e olhos fundos, sinais claros de avançada desnutrição. Muitos aquaristas sofreram perdas, inclusive nós mesmos. Felizmente isso mudou e muitos dos acaris zebra encontrados à venda estão em boas condições.
Durante a época de coleta desses peixes, do verão ao início do inverno (estação seca), são pegos nas margens, a espécie é importada em grande quantidade. No restante do ano, ainda há exportação, mas em quantidade muito menor, pois os piabeiros, responsáveis pela coleta dos peixes, devem mergulhar muitos metros com equipamento para mergulho e tentar capturá-los em suas tocas.
Se você tiver a sorte de comprar um exemplar já nascido em cativeiro, sua adaptação ao aquário será muito mais fácil.
CUIDADOS
Por ser uma espécie pequena (cerca de 10cm), são muito adequados para aquários. Como muitos outros cascudos brasileiros, são bastante adaptáveis e toleram algumas diferenças mínimas nas condições da água de seu tanque. Até em PH pouco acima de 7 e alguma dureza são toleráveis. No dia a dia, temperaturas de 22ºC a 28ºC são adequadas. Mas a qualidade da água é crítica, Estes peixes exigem água muito limpa e com excelente oxigenação. Aeração suplementar é muito recomendável, como, aliás, toda espécie natural do singular Rio Xingu.
Apesar de já ter sido reportado o contrário, em nossa experiência, muitos Acaris zebra foram mantidos juntos em um tanque sem problemas. Entre machos ocorrem algumas faíscas, mas nada que os machuque.
O principal cuidado é com seus companheiros de tanque que podem oprimi-los demais. O aquário para eles não precisa ser alto, mas quanto maior for a área do aquário, a circulação e a quantidade de tocas, melhor.
Lembre-se que em seu habitat natural, acaris zebra vivem em meio a rochas cheias de cavidades e fendas. Para reproduzir tais condições em nossos tanques, é recomendável que se construa algumas cavernas com grandes lascas de ardósia ou outras pedras.
Troncos, no entanto, podem até ser omitidos! Diferente dos outros cascudos, não os consideram boas tocas e não gostam muito deles, preferindo rochas. Mais: diferentes dos demais cascudos, são basicamente diurnos, mas tímidos ao menor movimento na frente do aquário. Assim que se sentem tranqüilos, voltam às suas atividades, basicamente a procura constante por comida. Adoram Artemia salina, adultas ou náuplios. Alimento vivo ou congelado, como Dáphnia e blood worms, são muito bem aceitos. Blood worms são seu alimento favorito. Ração em tabletes e à base de vegetais, no entanto, são ignorados.
Temos a idéia que todo cascudo é um comedor de algas. Acaris zebra as repudiam fortemente. Não é necessário fornecer-lhes nenhum complemento vegetal. São espécies carnívoras e predadoras, que se deliciam com carcaças e pequenos animais que vivem nas fendas das rochas.
Temos a idéia que todo cascudo é um comedor de algas. Acaris zebra as repudiam fortemente. Não é necessário fornecer-lhes nenhum complemento vegetal. São espécies carnívoras e predadoras, que se deliciam com carcaças e pequenos animais que vivem nas fendas das rochas.
Suas bocas, bem menores que a da maioria dos cascudos, são adaptadas para sugar esses animais de suas tocas, não para raspar. Seus dentículos encontram se distribuídos nos lábios apenas para fixá-los melhor às rochas, os internos são adaptados para quebrar os frágeis exoesqueletos de diminutos crustáceos.
Alimentos podem ser testados. Alguns podem gostar, outros não. São peixes seletivos e com muita individualidade.
PREPARAÇÃO DO AMBIENTE PARA A REPRODUÇÃO
Três Fatores básicos para o sucesso na reprodução dos Acaris zebra são: Temperaturas elevadas, cerca de 30ºC ou pouco mais, excelente oxigenação e disponibilidade de muitas tocas para desova.
De acordo com Rickhoff (criador) em conversa, a primeira desova de Hypancistrus zebra ocorreu num aquário preparado para a desova de acarás disco, com temperatura de 30ºC. Como estava concentrado nas desovas de discos, quando a temperatura caiu após a desova, os cascudos pararam completamente com suas atividades sexuais, retomando tão logo a temperatura voltou a subir. A primeira desova ocorreu a 32ºC, mas depois ocorreram também em temperaturas um pouco mais baixas, um ou dois graus. Mesmo mantidos em águas alcalinas e duras, a temperatura elevada incita-os a reproduzir de forma a ignorar esta condição não adequada.
Pahnke (criador) menciona em seu relato em 1993 trocar apenas 10% da água diariamente utilizando água de osmose reversa, mas certamente este procedimento não é absolutamente necessário. Mas não nego que o efeito é favorável na reprodução e na manutenção e crescimento dos filhotes.
Precedendo toda história de sucesso na reprodução do Acari zebra há uma potente filtragem. Não sabemos precisar qual seria mais importante, se uma poderosa filtragem biológica ou a forte aeração. Certamente ambas condições estão intimamente conectadas. Na minha experiência utilizei uma vazão de cerca de seis vezes o volume total do aquário por hora. Recomendo o uso de pedras porosas formando cortina de bolhas bem finas.
Rickhoff e Pahnke obtiveram sucesso utilizando cavernas alongadas feitas com argila. Meu amigo Walter fez furos em pedras, Gerd e Karin Arndt utilizaram cavernas de placas de ardósia feitas por eles mesmos. Todas estas opções foram muito bem aceitas pelos meus peixes.
Para determinar o tamanho ideal da toca, calcule desta forma:
Comprimento da toca – Suficiente para caber o peixe com sua nadadeira dorsal abaixada, com pouca folga;
Largura da toca – Largura do peixe com 2/3 da medida das nadadeiras peitorais completamente abertas, com pouca folga;
Altura da toca – Altura do peixe mais 2/3 da altura de sua nadadeira dorsal.
Para um adulto totalmente crescido, utilizo tocas de 7,5 x 2,5 x 1,5cm. Peixes jovens preferirão tocas menores. A localização das tocas também é importante. Rickhoff observou que os cascudos procuram tocas que recebem suave e constante corrente de água vinda dos filtros.
DESOVA
Como regra, a seleção de tocas é feita imediatamente após os peixes serem colocados no aquário de reprodução. Como parâmetro, a reprodução do Acari zebra é muito similar à dos cascudos do gênero Ancistrus, já bastante bem documentada, mas com algumas diferenças.
Os zebras geralmente ficam uns sobre os outros na caverna com as caudas para a saída, o macho então vira e coloca sua nadadeira caudal e metade de sua cauda sobre a cabeça da fêmea, como num abraço, e ela começa a depositar os ovos em pequenas séries. Assim que a desova começa, o macho bloqueia a entrada da toca com sua cabeça.
Quando a fêmea termina cada uma das posturas, fica inquieta e, fazendo movimentos de vai e vem, avisa ao macho que aqueles ovos estão prontos para a fertilização.
Depois da postura, a fêmea geralmente não sai da toca e acaba sendo expulsa pelo macho. Ele cuida dos ovos com muito zelo, como Ancistrus, mas ainda não observou-se o comportamento característico aos Ancistrus de guardar os ovos com a boca no Hypancistrus zebra. Em caso de perigo, como, por exemplo, iluminar a caverna, o macho cobre a massa de ovos o máximo possível, apenas um ou dois ficam visíveis.
Os peixes dos Arndt desovaram pela primeira vez em 10 de Junho de 1994, mas eles não tiveram sorte. 3 dias depois as cascas vazias foram abandonadas na entrada da toca. Provavelmente os ovos não foram fertilizados, muito comum de acontecer nas primeiras desovas.
A segunda foi melhor, no dia 13 mesmo e no dia seguinte, o exato número de ovos não fora contado. No dia 80, seis larvas com enormes sacos vitelinos estavam fora da toca, elas foram recolhidas e colocadas em uma criadeira perto da saída do filtro, infelizmente três delas morreram após algum tempo. No dia 23 de junho, o macho fora avistado em outra desova, seguido por outro macho no dia seguinte. As desovas começaram a ser regulares.
Como mencionei, meus acaris zebra também desovaram inesperadamente. Eu mantinha alguns peixes há mais de dois anos, eles chegaram a cerca de 8cm, mas eram todos obviamente machos. Então ano passado comprei mais 5 exemplares, todos jovens, e os coloquei num aquário de 280 litros junto a outros cascudos e acaris.
Além de algumas plantas em vasos e algumas placas de pedra, haviam apenas duas cavernas de reprodução, uma delas era morada dum Ancistrus.
Porém o maior zebra, cresceu bem mais rápido que os demais e já estava com quase 7cm, mostrou interesse na caverna e por fim conseguiu expulsar o velho cascudo da toca. Dois dias depois um dos outros zebras pequenos estava muito próximo a esse macho, obviamente era uma fêmea.
Logo, para minha surpresa, estavam desovando, mesmo sendo a fêmea bastante jovem ainda. No dia seguinte pude mover a toca e fotografar a desova, para desespero do macho.
Pude contar, atônito, 12 ovos. Por já ter experiência com desovas de cascudos, sei que os ovos são muito delicados e exigem muitos cuidados, por isso os tratei de transferir para um pequeno aquário plástico. Para manter a temperatura, o coloquei dentro do tanque dos adultos, com uma pedra porosa para fornecer oxigênio extra. Adicionei preventivamente uma pequena dose de fungicida.
Alimentos podem ser testados. Alguns podem gostar, outros não. São peixes seletivos e com muita individualidade.
PREPARAÇÃO DO AMBIENTE PARA A REPRODUÇÃO
Três Fatores básicos para o sucesso na reprodução dos Acaris zebra são: Temperaturas elevadas, cerca de 30ºC ou pouco mais, excelente oxigenação e disponibilidade de muitas tocas para desova.
De acordo com Rickhoff (criador) em conversa, a primeira desova de Hypancistrus zebra ocorreu num aquário preparado para a desova de acarás disco, com temperatura de 30ºC. Como estava concentrado nas desovas de discos, quando a temperatura caiu após a desova, os cascudos pararam completamente com suas atividades sexuais, retomando tão logo a temperatura voltou a subir. A primeira desova ocorreu a 32ºC, mas depois ocorreram também em temperaturas um pouco mais baixas, um ou dois graus. Mesmo mantidos em águas alcalinas e duras, a temperatura elevada incita-os a reproduzir de forma a ignorar esta condição não adequada.
Pahnke (criador) menciona em seu relato em 1993 trocar apenas 10% da água diariamente utilizando água de osmose reversa, mas certamente este procedimento não é absolutamente necessário. Mas não nego que o efeito é favorável na reprodução e na manutenção e crescimento dos filhotes.
Precedendo toda história de sucesso na reprodução do Acari zebra há uma potente filtragem. Não sabemos precisar qual seria mais importante, se uma poderosa filtragem biológica ou a forte aeração. Certamente ambas condições estão intimamente conectadas. Na minha experiência utilizei uma vazão de cerca de seis vezes o volume total do aquário por hora. Recomendo o uso de pedras porosas formando cortina de bolhas bem finas.
Rickhoff e Pahnke obtiveram sucesso utilizando cavernas alongadas feitas com argila. Meu amigo Walter fez furos em pedras, Gerd e Karin Arndt utilizaram cavernas de placas de ardósia feitas por eles mesmos. Todas estas opções foram muito bem aceitas pelos meus peixes.
Para determinar o tamanho ideal da toca, calcule desta forma:
Comprimento da toca – Suficiente para caber o peixe com sua nadadeira dorsal abaixada, com pouca folga;
Largura da toca – Largura do peixe com 2/3 da medida das nadadeiras peitorais completamente abertas, com pouca folga;
Altura da toca – Altura do peixe mais 2/3 da altura de sua nadadeira dorsal.
Para um adulto totalmente crescido, utilizo tocas de 7,5 x 2,5 x 1,5cm. Peixes jovens preferirão tocas menores. A localização das tocas também é importante. Rickhoff observou que os cascudos procuram tocas que recebem suave e constante corrente de água vinda dos filtros.
DESOVA
Como regra, a seleção de tocas é feita imediatamente após os peixes serem colocados no aquário de reprodução. Como parâmetro, a reprodução do Acari zebra é muito similar à dos cascudos do gênero Ancistrus, já bastante bem documentada, mas com algumas diferenças.
Os zebras geralmente ficam uns sobre os outros na caverna com as caudas para a saída, o macho então vira e coloca sua nadadeira caudal e metade de sua cauda sobre a cabeça da fêmea, como num abraço, e ela começa a depositar os ovos em pequenas séries. Assim que a desova começa, o macho bloqueia a entrada da toca com sua cabeça.
Quando a fêmea termina cada uma das posturas, fica inquieta e, fazendo movimentos de vai e vem, avisa ao macho que aqueles ovos estão prontos para a fertilização.
Depois da postura, a fêmea geralmente não sai da toca e acaba sendo expulsa pelo macho. Ele cuida dos ovos com muito zelo, como Ancistrus, mas ainda não observou-se o comportamento característico aos Ancistrus de guardar os ovos com a boca no Hypancistrus zebra. Em caso de perigo, como, por exemplo, iluminar a caverna, o macho cobre a massa de ovos o máximo possível, apenas um ou dois ficam visíveis.
Os peixes dos Arndt desovaram pela primeira vez em 10 de Junho de 1994, mas eles não tiveram sorte. 3 dias depois as cascas vazias foram abandonadas na entrada da toca. Provavelmente os ovos não foram fertilizados, muito comum de acontecer nas primeiras desovas.
A segunda foi melhor, no dia 13 mesmo e no dia seguinte, o exato número de ovos não fora contado. No dia 80, seis larvas com enormes sacos vitelinos estavam fora da toca, elas foram recolhidas e colocadas em uma criadeira perto da saída do filtro, infelizmente três delas morreram após algum tempo. No dia 23 de junho, o macho fora avistado em outra desova, seguido por outro macho no dia seguinte. As desovas começaram a ser regulares.
Como mencionei, meus acaris zebra também desovaram inesperadamente. Eu mantinha alguns peixes há mais de dois anos, eles chegaram a cerca de 8cm, mas eram todos obviamente machos. Então ano passado comprei mais 5 exemplares, todos jovens, e os coloquei num aquário de 280 litros junto a outros cascudos e acaris.
Além de algumas plantas em vasos e algumas placas de pedra, haviam apenas duas cavernas de reprodução, uma delas era morada dum Ancistrus.
Porém o maior zebra, cresceu bem mais rápido que os demais e já estava com quase 7cm, mostrou interesse na caverna e por fim conseguiu expulsar o velho cascudo da toca. Dois dias depois um dos outros zebras pequenos estava muito próximo a esse macho, obviamente era uma fêmea.
Logo, para minha surpresa, estavam desovando, mesmo sendo a fêmea bastante jovem ainda. No dia seguinte pude mover a toca e fotografar a desova, para desespero do macho.
Pude contar, atônito, 12 ovos. Por já ter experiência com desovas de cascudos, sei que os ovos são muito delicados e exigem muitos cuidados, por isso os tratei de transferir para um pequeno aquário plástico. Para manter a temperatura, o coloquei dentro do tanque dos adultos, com uma pedra porosa para fornecer oxigênio extra. Adicionei preventivamente uma pequena dose de fungicida.
Dois dias depois constatei que dois ovos estavam estranhos. Os perfurei e suguei seu conteúdo com uma pipeta plástica, certificando-me não restar mais resíduos, deixando a casca para traz. Esta medida foi necessária pois as ovas de cascudos são coladas juntas de tal maneira que separá-las é impossível sem danificar outros ovos.
Troquei completamente a água do pequeno aquario.
No quarto dia percebi que um dos ovos não se desenvolveu, também o sifonei.
A 30ºC, os ovos eclodiram após sete dias. Obtive mais sucesso em minha segunda desova, que ocorreu um mês depois, onde consegui manter 11 filhotes dos 12 ovos colocados.
Troquei completamente a água do pequeno aquario.
No quarto dia percebi que um dos ovos não se desenvolveu, também o sifonei.
A 30ºC, os ovos eclodiram após sete dias. Obtive mais sucesso em minha segunda desova, que ocorreu um mês depois, onde consegui manter 11 filhotes dos 12 ovos colocados.
Apesar de apresentar uma coloração interessante, é muito mais clara, tanto que só por brincadeira os apelidamos de Zebra Fantasma. Seria genético ou ambiental?
Supõem-se que os filhotes permanecem na toca após consumirem totalmente seus sacos vitelinos, acompanhados por seu pai, como ocorre com Ancistrus. Supõem-se pois todos os relatos coletados apontam para essa direção. Os primeiros que vi em minha experiência, como citei à pouco, estavam fora da toca, mas creio ter sido apenas um acidente.
Na natureza, dificilmente uma larva de peixe, com um saco vitelino tão desproporcionalmente maior ao corpo, conseguiria escapar de predadores sem a tutela do pai.
Alguns ovos podem rolar fora da toca pelos movimentos estabanados do macho. Os ovos, apesar de serem unidos quimicamente formando uma massa única, podem desprender eventualmente, sobretudo em PH mais elevado.
Alguns perigos muito comuns aos ovos são caramujos, que, dependendo do nível da infestações, podem dizimar os ovos em minutos, assim como planárias e sangue-sugas. Medicamentos contra esses seres costumam ser pouco eficientes, melhor retirar os peixes e desinfetar todo o aquário.
CUIDADOS COM JOVENS ACARIS ZEBRA
Cuidar de seus filhotes recém saídos da tutela do macho não é um grande problema. Após a completa absorção do saco vitelino, o índice de sobrevivência sobe muito!
Imediatamente os filhotes aceitarão ração ou alimento vivo ou congelado. Eu uso náuplios de artêmia e rações que contenham preferivelmente spirulina em sua composição.
Supõem-se que os filhotes permanecem na toca após consumirem totalmente seus sacos vitelinos, acompanhados por seu pai, como ocorre com Ancistrus. Supõem-se pois todos os relatos coletados apontam para essa direção. Os primeiros que vi em minha experiência, como citei à pouco, estavam fora da toca, mas creio ter sido apenas um acidente.
Na natureza, dificilmente uma larva de peixe, com um saco vitelino tão desproporcionalmente maior ao corpo, conseguiria escapar de predadores sem a tutela do pai.
Alguns ovos podem rolar fora da toca pelos movimentos estabanados do macho. Os ovos, apesar de serem unidos quimicamente formando uma massa única, podem desprender eventualmente, sobretudo em PH mais elevado.
Alguns perigos muito comuns aos ovos são caramujos, que, dependendo do nível da infestações, podem dizimar os ovos em minutos, assim como planárias e sangue-sugas. Medicamentos contra esses seres costumam ser pouco eficientes, melhor retirar os peixes e desinfetar todo o aquário.
CUIDADOS COM JOVENS ACARIS ZEBRA
Cuidar de seus filhotes recém saídos da tutela do macho não é um grande problema. Após a completa absorção do saco vitelino, o índice de sobrevivência sobe muito!
Imediatamente os filhotes aceitarão ração ou alimento vivo ou congelado. Eu uso náuplios de artêmia e rações que contenham preferivelmente spirulina em sua composição.
Como todo cascudo, sobretudo nesta espécie, a assepsia do tanque de crescimento é fundamental.
Sobras de comida devem ser sifonadas imediatamente e as trocas parciais deverão ser constantes.
O crescimento é bastante lento, mas contínuo. Em cerca de dois meses e meio passam pouco dos dois centímetros.
Sobras de comida devem ser sifonadas imediatamente e as trocas parciais deverão ser constantes.
O crescimento é bastante lento, mas contínuo. Em cerca de dois meses e meio passam pouco dos dois centímetros.